Principais índices em Nova York avançam após dados de emprego superarem as expectativas do mercado.

O Ibovespa registrou leve queda de 0,10% nesta sexta-feira, encerrando o pregão aos 136.102,10 pontos, com recuo de 134,27 pontos. Com esse desempenho, o principal índice da Bolsa brasileira acumula perda semanal de 0,65%, marcando a terceira semana consecutiva de baixa.
O dólar comercial também recuou frente ao real pela segunda sessão seguida, caindo 0,28% e encerrando cotado a R$ 5,570. Os juros futuros (DIs) acompanharam o movimento e apresentaram queda ao longo de toda a curva.
Mercado de trabalho nos EUA surpreende, mas Ibovespa segue pressionado
Apesar de um dia positivo para o real e da queda nas taxas dos títulos públicos, o Ibovespa manteve um desempenho modesto, em contraste com os principais índices de Nova York, que encerraram a sessão com ganhos superiores a 1%. O otimismo nos mercados americanos foi impulsionado pelos dados robustos do payroll, o principal indicador sobre o mercado de trabalho dos EUA, que reduziram os temores de uma possível recessão na maior economia do mundo.
“O relatório de empregos desta sexta-feira indica que, quaisquer que fossem as expectativas para cortes de juros pelo Federal Reserve, agora elas devem ser um pouco menores e mais distantes”, avaliou Mohamed El-Erian, economista e presidente do Queens’ College, da Universidade de Cambridge, em publicação na rede social X (antigo Twitter).
Ainda assim, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a pressionar o presidente do Fed, Jerome Powell, para que promova cortes na taxa básica de juros, o que gerou desconforto entre investidores.
Para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, os dados do payroll de maio indicam que a economia americana desacelera de forma gradual, sem sinais claros de recessão, mas com a inflação ainda presente. “Esse cenário reduz o espaço para cortes na taxa de juros por parte do Fed, que deve aguardar sinais mais concretos antes de ajustar sua política monetária. Ao contrário da expectativa majoritária do mercado, não descartamos a possibilidade de os juros permanecerem nos níveis atuais até o final de 2025”, afirmou.
Selic pode subir no Brasil
No cenário doméstico, o movimento pode ser inverso. O mercado financeiro passou a precificar maior probabilidade de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para 18 de junho, superando as apostas pela manutenção da taxa nos atuais 14,75% ao ano.
Indicadores econômicos dão alívio, mas Ibovespa segue pressionado
Apesar do clima negativo nos mercados, alguns dados econômicos trouxeram certo alívio nesta sexta-feira (7). O IGP-DI, índice de inflação ao produtor amplo, apresentou deflação de 0,85% em maio, superando as expectativas. Os preços ao produtor em abril também recuaram, reforçando sinais de arrefecimento inflacionário. Além disso, a taxa Selic elevada parece começar a surtir efeito na atividade: segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o emprego na indústria caiu em abril, marcando a primeira retração em 18 meses.
De Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar confiante na economia nacional e projetou que o Brasil deve crescer acima da média global, contrariando os mais pessimistas.
Setor bancário pesa no índice
O Ibovespa, no entanto, segue sem fôlego. Esta foi a sétima queda nos últimos oito pregões, acumulando uma perda próxima de quatro mil pontos. Grande parte da pressão vem do setor financeiro, com os bancos sofrendo sucessivas desvalorizações. O Banco do Brasil (BBAS3) liderou as perdas, recuando 2,38%, em meio a preocupações crescentes com inadimplência no setor do agronegócio. Bradesco (BBDC4) caiu 0,06% e Santander (SANB11), 0,73%. O Itaú Unibanco (ITUB4) destoou, encerrando com leve alta de 0,25%.
Varejo e saúde também em baixa
O setor varejista seguiu pressionado, com ações como Magazine Luiza (MGLU3) caindo 5,57% e Lojas Renner (LREN3), 4,67%. Apesar da queda pontual, o papel do Magalu segue com forte valorização no ano, acumulando alta de quase 60% em 2025.
Entre os papéis do setor de saúde, Hapvida (HAPV3) também teve dia difícil, encerrando em baixa de 1,46%.
Vale e Petrobras aliviam o Ibovespa; JBS se despede da B3
Apesar do clima instável nos mercados, o pregão desta sexta-feira (7) trouxe algum respiro. A Vale (VALE3), mesmo em meio à volatilidade, conseguiu fechar com leve alta de 0,13%, ajudando a evitar uma queda mais intensa do Ibovespa, em um dia cinzento na capital paulista.
A Petrobras (PETR4) também contribuiu para suavizar as perdas do índice, com valorização de 0,92%, impulsionada pela alta no preço do petróleo no mercado internacional.
No setor de frigoríficos, o desempenho foi misto, mas quem chamou atenção foi a JBS (JBSS3), que subiu 1,93% e figurou entre os papéis mais negociados do dia. A empresa fez sua despedida da B3: a partir de segunda-feira (10), suas ações passam a ser negociadas apenas na forma de BDRs no Brasil.
Outro destaque positivo foi a Suzano (SUZB3), que manteve o bom humor após o anúncio do acordo com a Kimberly-Clark. O papel avançou 0,98%, dando continuidade à forte alta de mais de 6% registrada na véspera.
Agenda intensa na próxima semana
O investidor já se prepara para uma semana cheia de indicadores relevantes, que podem trazer ainda mais volatilidade aos mercados. Na terça-feira (11), será divulgado o IPCA de maio, com projeção de alta de 0,30%. Na quarta, é a vez da inflação ao consumidor (CPI) dos EUA, com estimativa similar.
A quinta-feira (13) será marcada pela divulgação da inflação ao produtor (PPI) norte-americana e das vendas no varejo brasileiro. Para fechar a semana, na sexta (14) saem os dados do setor de serviços no Brasil. E ainda há expectativa de que o Ministério da Fazenda anuncie nos próximos dias sua proposta final para a reforma do IOF.
Dólar fecha em queda e acumula perda na semana
O dólar comercial encerrou a sessão desta sexta-feira (7) em baixa de 0,28% frente ao real, cotado a R$ 5,570 para venda e R$ 5,569 para compra. A moeda americana chegou a operar em alta durante boa parte do dia, mas perdeu força na reta final, marcando mínima de R$ 5,560 e máxima de R$ 5,618 ao longo do pregão.
O desempenho contrasta com o cenário internacional, onde o dólar se fortaleceu frente às principais divisas globais, fazendo o índice DXY avançar 0,44%, atingindo 99,17 pontos.
No acumulado da semana, o dólar recuou 2,63%, refletindo maior apetite por risco e fluxo positivo para mercados emergentes.