Ibovespa encerra o pregão em queda, pressionado por bancos e Petrobras; Vale e WEG registram desempenho positivo.

Principais índices em Nova York fecham de forma mista após divulgação de dado preocupante sobre o mercado de trabalho.

O Ibovespa voltou a recuar nesta quarta-feira, após registrar alta no pregão anterior e queda no início da semana. O índice encerrou o dia com desvalorização de 0,40%, aos 137.001,58 pontos, uma perda de 544,68 pontos.

No mercado cambial, o dólar comercial interrompeu a sequência de duas quedas consecutivas e avançou 0,17%, sendo cotado a R$ 5,645. Já os contratos de juros futuros (DIs) encerraram o dia com desempenho misto.

Mercado de trabalho decepciona nos EUA

Investidores ao redor do mundo voltaram suas atenções nesta quarta-feira (5) para um dos principais indicadores do mercado de trabalho norte-americano: o relatório ADP de empregos no setor privado. O resultado, no entanto, frustrou as expectativas ao vir consideravelmente abaixo do projetado, gerando preocupações.

Apesar disso, os principais índices em Nova York não sofreram quedas acentuadas. Para Mike Dickson, estrategista da Horizon Investments, “a situação parece melhor do que se temia”, conforme declarou à CNBC. Ele ponderou que, embora haja incertezas relacionadas à política fiscal e tarifária do governo Trump, o relatório da ADP historicamente apresenta volatilidade. Dickson acrescentou que o mercado deve aguardar os números do payroll, previsto para sexta-feira (6), que são mais relevantes para o Federal Reserve na definição da política monetária. Segundo ele, “os dados recentes de inflação têm sido bastante moderados e caminham na direção correta”.

Enquanto isso, o presidente Donald Trump voltou a criticar o presidente do Fed, Jerome Powell, acusando-o de agir com lentidão e reforçando sua cobrança por uma redução nas taxas de juros.

Na Europa, os mercados reagiram positivamente ao anúncio de um novo pacote fiscal na Alemanha. No entanto, as tensões geopolíticas seguem elevadas, com o conflito na Ucrânia se intensificando. O uso de armamento nuclear voltou a ser citado, alimentando a preocupação global. Trump, inclusive, manteve uma conversa telefônica com o presidente russo Vladimir Putin, mas a perspectiva de um acordo de paz permanece distante.

Gripe aviária e taxa sobre o aço

Ainda na Europa, mas com foco no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Paris para a primeira visita de Estado de um chefe de governo brasileiro em mais de uma década. No entanto, os desafios permanecem no cenário doméstico. Entre eles, a indefinição sobre o futuro do IOF, cuja decisão está nas mãos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e é esperada para este domingo (8).

Frigoríficos em baixa e siderúrgicas pressionadas por tarifas

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou que o Brasil voltou a estar livre da gripe aviária e que o governo trabalha para reverter embargos internacionais. Apesar disso, o noticiário sanitário não foi o principal fator de influência sobre os frigoríficos na Bolsa nesta quarta-feira. As ações do setor oscilaram ao longo do dia, mas encerraram em queda.

A Minerva (BEEF3) recuou expressivos 7,13%, um dia após anunciar a recompra de títulos no valor de R$ 1,3 bilhão. BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) também apresentaram volatilidade, encerrando o pregão praticamente estáveis, mesmo após a aprovação sem restrições, por parte do CADE, da negociação entre as duas companhias.

Já entre as siderúrgicas, o movimento foi de realização de lucros após a alta registrada no dia anterior. A queda ocorreu justamente na data em que entraram em vigor as novas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre aço e alumínio. Com isso, Gerdau (GGBR4) cedeu 0,62% e Usiminas (USIM5) recuou 1,14%.

Petrobras pressiona o índice; Vale sustenta ganhos

A Petrobras (PETR4) fechou em baixa de 2,75%, impactada pela desvalorização do petróleo no mercado internacional e, sobretudo, pela instabilidade gerada por mudanças tributárias no setor, segundo análise da XP Investimentos. Por outro lado, Brava Energia (BRAV3) avançou 1,19% após divulgar recorde de produção no mês de maio.

O Ibovespa também foi pressionado pelo desempenho negativo dos bancos, que recuaram de forma generalizada. O Banco do Brasil (BBAS3) liderou as perdas do setor, com queda de 2,74%, atingindo a mínima do dia. Desde a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025, os papéis acumulam baixa de 4% no ano.

Apesar das quedas, alguns ativos ajudaram a conter perdas mais intensas no índice. A Vale (VALE3) avançou 0,46%, contribuindo positivamente, embora de forma insuficiente para reverter o movimento negativo do Ibovespa. WEG (WEGE3) também se destacou, subindo 3,50% — desempenho atribuído, segundo analistas, à sua resiliência em cenários de incerteza. A Direcional (DIRR3), por sua vez, ganhou 0,41%, posicionando-se como uma das apostas de destaque entre os investidores.

A principal expectativa desta quinta-feira recai sobre a decisão do Banco Central Europeu (BCE) em relação à taxa de juros. A projeção do mercado é de um corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para 2%. No entanto, a possível redução não significa, necessariamente, o fim da volatilidade. O cenário segue marcado por incertezas, e o comportamento dos mercados permanece imprevisível.
(Fernando Augusto Lopes)

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