Ibovespa ultrapassa os 140 mil pontos e registra recorde histórico de fechamento

Índices de Wall Street encerram o pregão com leves ganhos após rebaixamento da classificação de crédito

19 maio 2025

O principal índice da Bolsa brasileira segue em trajetória ascendente e renovou seu recorde histórico no mês de maio. Pela primeira vez, o Ibovespa superou a marca simbólica dos 140 mil pontos, alcançando a máxima intradiária de 140.203,04 pontos. No encerramento do pregão, o índice avançou 0,32%, aos 139.636,41 pontos — o maior nível de fechamento já registrado — superando o recorde anterior de 139.334,38 pontos, obtido na última quinta-feira, 15 de maio.

No mercado de câmbio, o dólar comercial teve a segunda queda consecutiva frente ao real, recuando 0,25% e sendo negociado a R$ 5,655 ao fim do dia. Já os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs), que iniciaram a sessão em alta, encerraram com queda em toda a curva de vencimentos, refletindo um movimento de ajuste no mercado de juros futuros.

Moody’s rebaixa perspectiva da nota de crédito dos EUA, e mercado reage com cautela

Esse desempenho positivo do mercado brasileiro contrastou com o cenário nos Estados Unidos, onde o dia foi marcado por instabilidade. Os principais índices de Wall Street oscilaram ao longo da sessão e encerraram próximos da estabilidade, sem força para sustentar uma tendência definida.

O clima cauteloso foi influenciado pela decisão da agência de classificação de risco Moody’s, que rebaixou, na sexta-feira (16), a nota de crédito dos Estados Unidos de “Aaa” para “Aa1”. A justificativa da agência incluiu o avanço contínuo da dívida pública e o aumento das taxas de juros, fatores que vêm alimentando preocupações crescentes sobre a sustentabilidade fiscal nas principais economias globais.

IBC-Br e Galípolo

Enquanto o ambiente internacional foi marcado por cautela, no Brasil os indicadores econômicos trouxeram sinais animadores. O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira apontou revisões para baixo nas projeções de inflação e da cotação do dólar para 2025, reforçando a percepção de maior controle dos fundamentos macroeconômicos.

Além disso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), superou as expectativas em março. “Os dados mostram que, apesar de sinais de desaceleração pontual, a economia brasileira continua aquecida, justamente em um momento em que se discute o encerramento do ciclo de alta dos juros”, avaliou André Valério, economista sênior do Inter. O Ministério da Fazenda, inclusive, revisou para cima sua projeção de crescimento do PIB em 2024.

Apesar desse cenário mais favorável, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou a necessidade de cautela. Em declarações recentes, defendeu a manutenção da taxa Selic em um patamar “bastante restritivo” por um “período prolongado”, diante das expectativas de inflação ainda desancoradas e de um ambiente global incerto.

As declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foram o estímulo necessário para que o Ibovespa alcançasse novos patamares históricos. Antes de Galípolo reforçar com veemência a necessidade de manter o controle inflacionário, o principal índice da Bolsa brasileira seguia a tendência negativa de Wall Street e registrava quedas. No entanto, após as palavras do chefe da autoridade monetária, o mercado se reergueu, acelerando os ganhos e ultrapassando pela primeira vez a marca dos 140 mil pontos, alcançando um recorde histórico.

Vale e Petrobras recuam e limitam ganhos do Ibovespa

O novo recorde do Ibovespa foi conquistado mesmo sem o impulso dos papéis de maior peso do índice. As ações da Vale (VALE3) recuaram 0,27%, acompanhando a desvalorização do minério de ferro no mercado internacional. A Petrobras (PETR4), por sua vez, oscilou durante toda a sessão e encerrou com leve queda de 0,12%, apesar de uma alta pontual nos preços do petróleo no exterior.

O desempenho do setor bancário também foi misto. O Banco do Brasil (BBAS3) caiu 2,45%, pressionado por revisões negativas nas estimativas de analistas após a divulgação de um resultado abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2025. Em contrapartida, outras instituições financeiras ajudaram a sustentar o índice: Bradesco (BBDC4) subiu 0,91%, Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 1,19% e Santander (SANB11) ganhou 1,49%.

Entre as companhias de saúde, Hapvida (HAPV3) fechou estável, após passar boa parte do dia em alta — movimento que vem se repetindo desde a divulgação de resultados na semana passada.

No setor de proteínas, o desempenho foi desigual. Marfrig (MRFG3), que na última sexta-feira disparou mais de 16%, devolveu parte dos ganhos com uma queda de 6,42%. BRF (BRFS3) também recuou, com baixa de 1,35%, em meio à permanência das preocupações com a gripe aviária. Já a JBS (JBSS3) se destacou com alta de 3,06%, impulsionada por recomendação de banco que sugeriu a ação como forma de proteção diante de possíveis mudanças na estratégia de listagem da companhia.

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